Construindo a memória cultural

Quando falamos em Patrimônio Cultural estamos nos referindo ao conjunto de todos os bens, materiais ou imateriais, que pelo seu valor próprio devam ser considerados de interesse relevante para a permanência e a identidade da cultura de um povo. Neste sentido, poderíamos afirmar que o Patrimônio Cultural é de fundamental importância para a memória, a identidade e a criatividade dos povos e a riqueza das culturas. É a nossa herança do passado, com que vivemos hoje e que passaremos as próximas gerações.

A política da preservação do patrimônio cultural no Brasil tem percorrido um caminho crescentemente integrador das iniciativas públicas e particulares. Talvez lento, sob determinados pontos de vista, este processo apresenta tendências de desenvolvimento particularmente peculiar em determinados aspectos, diante de um progressivo movimento de educação e de conscientização das comunidades.

Neste sentido, verificamos algumas ações específicas que buscam, acima de tudo, orientar a sociedade em relação a importância e relevância dos recursos históricos e arquitetônicos como expressão de experiências e valores do passado, contribuindo para a construção de um senso de identidade e significado ligado a História do lugar.

E isto é fundamental na medida em que o desinteresse da grande maioria dos proprietários de imóveis passivos de tombamento, ou mesmo aqueles já tombados, pode ser explicado, sobretudo, pelo desconhecimento a respeito deste instrumento de proteção. O tombamento tem que ser visto com uma maior flexibilidade, pois não é mais, e nem pode ser entendido, como um instrumento que “congela” o imóvel, ou seja, uma vez tombado nada mais pode ser feito nele. É fundamental compreender que os imóveis tombados podem e devem ser alvo de intervenções, desde que se submetam seus projetos à avaliação dos órgãos de preservação.

A constituição de uma zona de preservação muitas vezes revaloriza bens que se encontram deteriorados, zelando por outros valores que não apenas os do mercado, mas também culturais, artísticos e históricos.

Reconhecer o valor do Patrimônio Cultural da cidade é uma responsabilidade do planejamento municipal que, através da implementação de uma política cultural específica e concreta, com a co-participação das comunidades, estimula o interesse histórico sobre o meio urbano de forma a contribuir de maneira fundamental na construção da memória cultural.

Em 2007 e 2008 aconteceram dois “Fóruns Pró-Patrimônio Cultural ASAEC”.

O primeiro foi com a temática “Possibilidades para o futuro da cidade”, o Fórum tem como objetivos ampliar os conhecimentos e a discussão de arquitetos e engenheiros em torno das questões do patrimônio cultural, especialmente o Patrimônio Edificado, além de atribuir significado às ações de preservação do Patrimônio Cultural e de sua gestão, entendendo os recursos históricos e arquitetônicos da região como expressão de experiências e valores do passado, contribuindo para a construção de um senso de identidade e significado ligado a História do local. O segundo focou o “Valorizar do Centro Histórico de Novo Hamburgo”e trouxe o Arquiteto Marcelo Ferraz, do escritório Brasil Arquitetura, além de diversos palestrantes para tratar da temática.


A preservação do Patrimônio Cultural não deve ser visto como uma estagnação urbana, mas sim como uma ferramenta de integração entre o passado, o presente e o futuro.

Autor: Rafael Spindler
O Arquiteto Rafael Spindler também é responsável pelo projeto racional, que incorpora alta tecnologia visando a sustentabilidade, o Residencial Piazza San Marco que estabelece um novo conceito de morar, onde, entre tantas outras coisas, a integração entre o passado e o presente determinam um ambiente inspirador.