Mesmo não sendo o objetivo exclusivo da arquitetura, não há como discordar que a forma é seu resultado inevitável. Esta afirmação acaba estabelecendo que a criação de formas seja talvez a principal conseqüência da arquitetura.
Esta condição é extremamente importante na medida em que ao projetarmos algo e, conseqüentemente, definirmos sua aparência, estamos interferindo de maneira decisiva na construção da espacialidade e da formalidade urbana.
Neste sentido, a forma de determinado objeto deveria ser estabelecida a partir da relação entre o edifício novo com os demais elementos constituintes do seu entorno, pois a obra arquitetônica não deve ser indiferente ao ambiente em que se insere, para que não corra o risco de tornar-se “estranha”, chamando a atenção por um tempo limitado.
E isto não quer dizer que todo novo projeto deva seguir o mesmo caminho estético estabelecido por seus vizinhos, porque muitas vezes a monotonia de determinado local estimula na criação de uma arquitetura que, dentro de um raciocínio lógico, seja original.
Acima de tudo, acredito que devemos entender a forma como uma síntese do programa, da técnica construtiva e do lugar, que é obtida fundamentalmente por meio da ordem visual.
É evidente que a arquitetura possui um componente artístico bastante elevado. Porém, esta caracterização não se dá porque a obra causa espanto, mas sim porque apresenta uma perfeita coordenação entre as partes que a compõem e ao seu entorno.
Comparto da opinião do arquiteto e professor da UFRGS Edson Mahfuz, que afirma que a criação de formas inconseqüentes apenas auxilia no estabelecimento de uma arquitetura que se esgota nela mesma, não ensina, não educa e não tem descendência digna.
Autor: Rafael Spindler
O Arquiteto Rafael Spindler também é responsável pelo projeto racional, que incorpora alta tecnologia visando a sustentabilidade, o Residencial Piazza San Marco que estabelece um novo conceito de morar, onde, entre tantas outras coisas, a integração entre o passado e o presente determinam um ambiente inspirador.