Calor fora de época requer cuidados constantes

O calor do final do inverno, que deve se estender pela primavera, requer alguns cuidados com a qualidade do ar-condicionado, seja em casa, na academia, no trabalho ou no carro.

Segundo o presidente da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia, Marcelo Hueb, a tela externa do aparelho – tanto o modelo de parede como split – deve ser limpa toda semana, em ambiente aberto e arejado, pois há um acúmulo de fungos, bactérias e poluentes, que são extremamente irritantes às vias aéreas e aos pulmões.

“Já o sistema de tubulação e os filtros internos do ar-condicionado devem ser higienizados por um técnico, de acordo com as instruções do fabricante. Em geral, produtos domésticos precisam passar por revisão a cada seis meses e os de empresas, a cada três”, explica o médico.

O pneumologista Gustavo Prado, do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas (HC), em São Paulo, diz que a maioria dos filtros é lavável e deve ser limpa assim, sem batidas nem aplicação de jatos de ar. “Sacudir a poeira pode suspender o material particulado no ar e favorecer que a pessoa inale aquilo”, destaca Prado.

O tipo mais comum de ar-condicionado absorve o ar do ambiente, resfria-o e o devolve. Esse tipo de aparelho pode acumular água, o que favorece o aparecimento de micro-organismos. Se esse ar estiver contaminado, será devolvido sujo e favorecer crises alérgicas, como rinite, bronquite e asma, ou infecciosas, como sinusite e conjuntivite.

Apesar de a fase mais crítica do ano, que é o começo do inverno, já ter passado, as crises respiratórias tenderam a aumentar nos últimos dias, principalmente no Sudeste e Centro-Oeste, por causa do tempo seco – que no Rio de Janeiro chegou a 18% esta semana. E essa “nova rodada” de vírus costuma atingir mais crianças, idosos e pacientes com doenças respiratórias crônicas, como bronquite e asma.

Noite fresca
Para quem é muito sensível ao calor e gosta de dormir com o ar-condicionado a noite toda, uma recomendação: é importante manter um umidificador de ar no quarto, de preferência do tipo ultrassônico, que solta apenas uma “nevoazinha”, sem aquecer a água e correr o risco de mofar as paredes.

“O ideal é usar água filtrada, sem elementos químicos como cloro, que poderia piorar a sensibilidade”, afirma o otorrinolaringologista. Além disso, é preciso ficar atento à temperatura do aparelho, que não deve ficar direto sobre a pessoa.

“O termômetro corporal já diminui enquanto dormimos, então, se o ar estiver muito frio e seco, as defesas do organismo podem baixar, os cílios das vias respiratórias ficam paralisados e as secreções, acumuladas. Aí podem surgir resfriados, gripes e infecções bacterianas”, ressalta Hueb.

Oxigênio extra
Mesmo quando a manutenção do ar-condicionado foge do controle individual, como em academias de ginástica e empresas, é importante observar como está o ar que você respira. Os filtros, nesses lugares, precisam ser trocados, em média, a cada três meses – metade do tempo que o uso doméstico.

Como as academias são ambientes onde as pessoas transpiram muito por causa dos exercícios intensos, o corpo precisa de mais oxigênio e hidratação. Com um filtro poluído, o sistema imunológico da pessoa pode ser atingido e ficar mais suscetível a doenças.

“Por isso, é indicado fazer atividade física, de preferência ao ar livre, onde costuma haver um ar mais puro e úmido, de no mínimo 25%. Abaixo disso, a demanda respiratória aumenta muito e o risco de problemas também”, explica Hueb. Nesse caso, é melhor fazer uma caminhada mais leve na rua ou na esteira, sem carregar peso.

Ao volante
Para quem não dispensa o ar-condicionado nem dentro do carro, é importante prestar atenção na troca regular do filtro.

“Antes do fim desse prazo, já dá para perceber se há cheiro de mofo e um aspecto enegrecido ou esverdeado, principalmente se o aparelho é ligado e desligado muitas vezes”, afirma Prado.

Segundo o médico, dirigir em metrópoles com o vidro aberto é pior, mas, dependendo da dimensão das partículas no ar – se forem muito pequenas –, o filtro não consegue barrá-las.

O otorrinolaringologista Marcelo Hueb lembra que é necessário também repor o gás do ar-condicionado do carro, cuja área de “tubulação” é formada por plástico, tecido e espuma.

“Como o automóvel às vezes fica muito tempo exposto ao sol, alguns produtos químicos contidos no plástico e em outros materiais se decompõem e são lançados ao ar. Por isso, antes de entrar no veículo novamente, abra as janelas, deixe o ambiente ventilar por uns 2 minutos e só depois dê a partida”, sugere Hueb. (Fonte: Bem Estar)